sexta-feira, 24 de junho de 2011

Trinta linhas sobre o mar...

Dia de sabatina, de português.

A prova incluía uma redação, cujo tema conheceríamos somente na hora.
Então o professor falou:

-O tema da redação é: “O mar”. Só isso.

Em minha curta experiência com viagens e passeios, não me lembro de ter conhecido ou pelo menos de ter visto o mar, antes daqueles tempos. E não é que o professor escolheu justo este assunto?

O que é que eu poderia dizer sobre o mar naquela época, se até mesmo hoje só conheço muito aquém do que deveria?

Trinta linhas sobre o mar. A maioria da turma ficou na primeira linha mesmo. E eu também. Não tínhamos nada a dizer... Nota zero de redação.

Depois, comentando com o Fernando, já veterano e dos “maiores”, ele falou:

- O mar? Fácil! Teria sido bem pior se ele pedisse “A gota d’água”, não é mesmo? Já pensou: – A gota d’água tem bactérias... A gota é muito pequena e tem forma de pera...

Será que hoje me sairia melhor? Depois eu vou testar isso.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Campinas e as oposições

Hoje está sendo votado – decisão sai daqui a alguns minutos – o afastamento temporário do prefeito da cidade de Campinas – Dr. Hélio de Oliveira Santos, por indícios de corrupção em gestão de sua responsabilidade.

Dr. Hélio, do PDT, cumpre seu segundo mandato, tendo sido reeleito com 70% de votos em primeiro turno. Os motivos de tamanha votação podem ter sido vários, inclusive a falta de outros candidatos que representassem melhor os anseios da população.

Pedidos de afastamento como o que está sendo discutido hoje precisam ter base legal para efeito do “Em cumprimento à lei municipal número tal, de tal data...”.

O que ocorre é que muitos municípios têm legislação específica para afastamentos dessa espécie – para facilitar as investigações em casos de suspeita de improbidade administrativa, prevaricação ou outros crimes dessa ordem, cometidos por executivo público – no caso o prefeito municipal.

Mas em Campinas não há essa lei. O que não significa que o munícipe tenha que concordar com todos os atos do seu representante. E é claro que também não impede o legislativo de colocar em pauta projeto de lei que inclua o afastamento temporário para os casos de suspeita de desordens na gestão pública que justifiquem o pedido; para o primeiro caso, o povo cerceia os malfeitores nas urnas, na próxima eleição; já para o segundo, a casa legislativa – no caso a Câmara Municipal – vota projeto de lei, que, sendo aprovado e não sendo vetado pelo executivo, também passa a valer, mas só para os próximos mandatários...

E acaba de sair decisão do plenário da Câmara: 16 votos pelo afastamento temporário, 15 contra. Numa casa de 33 vereadores, seriam necessários pelo menos 22 votos pelo afastamento. E 2 vereadores não estavam presentes.

Duas curiosidades: antes do início da sessão que decidiu pela manutenção do prefeito no seu cargo, informações divulgadas pela imprensa davam conta de que haveria unanimidade no posicionamento dos vereadores pelo afastamento do prefeito. Na hora do voto, não foi bem assim... A outra curiosidade é que nos últimos meses temos observado certa incompetência jurídica na administração tanto do executivo quanto do legislativo campineiros.

Por exemplo, inúmeros projetos de edificação urbana foram aprovados (alguns tiveram as obras suspensas, outros não) com base em legislação atual do município, mas que foi considerada inconstitucional à luz da hierarquia das leis. São erros que geram custos altíssimos, que – no fim – alguém tem que pagar.

Para o prefeito, fica aí uma vitória com sabor de derrota – ainda mais se forem comprovadas suspeitas de irregularidades na sua gestão. Politicamente, o que aconteceu foi um terremoto que chacoalhou a cidade, e cujos caquinhos terão que ser juntados novamente pelo prefeito e sua base (se é que sobrou alguma base...)

E esse movimento todo foi o melhor que a oposição conseguiu até o momento. O que apareceu não foi novidade: falta de articulação, falta de compromisso, falta de representatividade.

Ainda bem que na democracia tem as urnas.