Tempos estranhos.
Nos últimos meses, a cidade de
Campinas tem sofrido com um terremoto político que culminou com a cassação do prefeito
eleito, Dr. Hélio. Ele dirigia a prefeitura em seu segundo mandato, reeleito
com 70% dos votos. Assim, passaram também
pelo comando da prefeitura o atual presidente da Câmara, Sr. Pedro Serafim, e o
vice-prefeito eleito, Sr. Demétrio Villagra. Este último se mantém no cargo atualmente
por liminar judicial, enquanto aguarda resultado dos trabalhos de uma Comissão
Processante, encarregada de embasar sua cassação. A votação final deve ocorrer
na próxima terça feira (amanhã).
Três meses, quatro prefeitos,
contando com as concessões e cassações de liminares judiciais. E, como foi
dito, amanhã poderemos ter mais novidades: novo prefeito e decisão pela convocação
de novas eleições (como se já não bastasse tanta confusão, ainda mais para um
ano eleitoral...).
Curiosamente, os trabalhos da
Comissão Processante, para apuração de irregularidades administrativas na
gestão da prefeitura, têm pleno apoio da população, que se sentiu traída e
enganada pelos mandatários que elegeu.
Como em todo embate democrático,
há quem apóie e quem reprove esse movimento pelo impeachment do prefeito.
Mas um incidente veio a calhar no
meio de toda essa turbulência. Uma sensação de sapo entalado na garganta, e que
não quer descer de jeito nenhum: a Câmara Campineira decidiu por um aumento de
126% em seus próprios vencimentos! Não há democracia que resista a isso! Aliás, há: reprovações por unanimidade também compõem o processo democrático.
Não houve explicação e nem
caberia nenhuma explicação aceitável, uma vez que as pessoas conhecem muito bem
as dificuldades de fazer render seus parcos salários, cujos reajustes anuais
mal cobrem a inflação do período...
Os vereadores não fazem mais que
a obrigação ao fiscalizar atos do governo e encaminhar ao Ministério Público as
eventuais suspeitas de irregularidades. E, com certeza, sabe-se também que não
descumpriram a lei ao votar pelo aumento de 126% nos seus vencimentos mensais.
O que chama a atenção nesse último caso é a moralidade da questão.
E, apesar de não termos recebido
os mesmos 126% de aumento em nossos salários ou aposentadorias, vamos ter que pagar os 126% nos salários
deles...
Outra vez: Só nos restam as
urnas!