03 de junho de 2010
Certa feita...
O cenário era assim: quem não tinha diploma de datilografia com especialização em mecanografia e não conhecesse as Remingtons, as Olivettis e o papel carbono, se dava mal. Computador, só o central, que processava as pilhas de papéis que passávamos dias esperando retornar, rezando para que desse tudo certo.
Só que chegou a vez do computador XT, a mais poderosa máquina já aparecida até aqueles dias, e que parecia ser vendida por quilo, tamanho era o seu peso! Nós fomos escolhidos para receber uma! Lembro que nosso chefe não permitiu que nos aproximássemos das caixas que continham a poderosa máquina e os seus complementos, com medo que fizéssemos alguma besteira e estragássemos tudo... Isso foi uma frustração. Essa pequena restrição durou mais de ano: computador encaixotado ao lado do telex. Por isso o nosso primeiro contato com a máquina foi num ato de desobediência, atrevimento e desafio.
Depois disso, passei uns dias analisando, escrevendo e testando um programa para a empresa. Coisa simples, feita nas horas vagas e às vezes após o expediente: um pequeno cadastro de clientes e umas rotinas que calculavam impostos e rendimentos líquidos para aplicações financeiras.
Daí chamei o meu amigo:
- Vem cá, Damião! Você vai aprender a usar e depois me falar sobre o programa que estou concluindo.
Sentado em frente à telinha CGA verde, ele observou bastante e viu que tinha um espaço para escrever o nome do cliente. Acima, uma linha informava: “Digite o nome do cliente e em seguida enter”.
Ele não teve dúvida. Escreveu: Geraldino dos Santos enter, com todas as letras... E depois ficou olhando pra mim, com olhar de interrogação: - “E agora?”
A culpa foi minha. Não tinha ficado claro pro Damião que era pra ele apertar a tecla “enter” do computador e não escrever e-n-t-e-r por extenso...
Pior de tudo foi ouvir seu comentário seguro e direto:
- Garbage in, garbage out!
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