Encontro marcado.
Vinte minutos adiantado, já aguardo no local, ansioso:
- Agora vai!
Mas o tempo passa e nada...
Algumas horas antes:
- Preciso comparecer em carro oficial! -, fui informado pelo interlocutor ao telefone, enquanto marcava a entrevista e dispensava a carona que eu oferecia.
Então é isso. Vai ver que os carros oficiais estão todos ocupados e ele aguarda um que esteja disponível. E eu também continuo esperando, tentando afastar as dúvidas que já começam a pulular. Pode ser que eu não tenha entendido direito...
Observo, angustiado, os carros que entram e saem. Nenhum aparenta ser “oficial”.
Por fim, mais de quarenta minutos depois da hora aprazada, uma van estaciona do lado de fora. Dela desembarca um homem com um crachá de identificação: é ele!
- Olá, temos uma entrevista!
- O quê que é?
- Lembra, você me ligou marcando uma entrevista aqui.
- Ah! Ok. Vou ali ver o pessoal e em seguida falamos.
Novamente aguardando. Ele conhecia todos dali e foi como se aproveitasse para rever velhos amigos.
Percebi que o contato tinha sido efetuado para cumprir mera formalidade e que o que ele esperava mesmo é que eu nem tivesse comparecido.
Algum tempo depois ele retornou e já ia embarcando novamente, “de fininho”, quando o abordei:
- E a entrevista?
Percebi ligeira irritação e uma vontade de ir embora nas feições dele. Pelo que entendi, ele não gostaria de registrar uma ocorrência na qual prejudicasse direta ou indiretamente seus colegas de trabalho. Eu conheço bem esse corporativismo. Tentei argumentar:
- Olhe: fizemos alguns testes, tenho tudo registrado em vídeo. Foi um sucesso. O pessoal que utiliza o centro aprovou as providências, mas, como prevíamos, teríamos um ajuste a fazer. Um ajuste de pequeno vulto, que só depende de uma decisão administrativa e uns telefonemas. Não precisa aprovar lei nem orçamento, porque isso demoraria demais...
Aí ele me interrompeu:
- Ok. Reconheço seu empenho. Mas temos uma proposta da DFREN para acertar isso: seria a remodelação da praça, com a alteração do nome para “Praça dos Sentidos”. Não podemos perder essa oportunidade por causa dos recursos envolvidos. Se arrumarmos uma solução caseira vamos perder essa oportunidade... e tal e tal...
- Mas e, enquanto isso, os acidentes vão acontecendo?!? ...
Não adiantava argumentar mais.
Vencido, retornei frustrado.
Enquanto conversávamos, alguns cachorros chegavam acompanhados pelos seus donos para aprender a sentar. Esses, sim, eram importantes, tanto que cruzavam todo o hall de atendimento, enquanto deficientes aguardavam atendimento de um médico que não compareceu naquele dia...
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